O Batalhão


O Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais foi criado em 9 de setembro de 1971 por meio do Aviso Ministerial nº 751. Seu nome foi dado em homenagem ao feito histórico da Passagem de Tonelero, durante a guerra contra Oribe e Rosas (1850-1852). Os militares que ocuparam as instalações do antigo Centro de Recrutas no bairro de Campo Grande, no município do Rio de Janeiro, próximo ao Morro do Marapicu, tiveram a tarefa de organizar, no contexto da época uma Unidade especializada em ações de Contraguerrilha, podendo ser empregada, também como um 4º Batalhão de Infantaria. No ano seguinte à sua criação, seria conduzido o primeiro Curso de Contraguerrilha (ConGue), precursor do Curso Especial de Comandos Anfíbios, para os oficiais Fuzileiros Navais oriundos da Escola Naval. Em 1974 seria conduzido o primeiro curso de comandos anfíbios, organizado por oficiais do Batalhão que além de sua experiência profissional, traziam consigo conhecimentos obtidos em cursos de operações especiais no Exército Brasileiro e no exterior. Alguns anos mais tarde, em 1986, seria criado na organização do Batalhão o Grupo Especial de Retomada e Resgate (GERR), para ficar em condições de executar tarefas de retomada de instalações de interesse da Marinha em terra e resgate de reféns, um dos poucos grupos especializados em combate ao terrorismo, até então, existentes no Brasil.

 

O Batalhão Tonelero, em seus primórdios, voltado para as ações de comandos e para o combate especializado, possuía uma companhia de operações especiais com a qual cumpria missões operacionais. Na década de 1990, fruto de uma reestruturação do Corpo de Fuzileiros Navais passaria a incorporar as Companhias de Reconhecimento da FFE. Em 1º de janeiro de 1991, a Companhia de Reconhecimento Anfíbio (CiaReconAnf), oriunda da Tropa de Reforço, especializada em realizar tarefas de reconhecimento profundo, tais como estabelecer postos de vigilância fora da Cabeça de Praia (CP) para alertar sobre reforços inimigos durante as Operações Anfíbias, seria incorporada ao Batalhão. Em 26 de março de 1996, a Companhia de Reconhecimento Terrestre (CiaReconTer), até então, subordinada à Divisão Anfíbia e especializada em tarefas de reconhecimento distante, tais como confirmar posições inimigas no interior da CP, também passaria a compor a organização da Unidade. Com esta reorganização, o Batalhão Tonelero passou contar com quatro companhias operativas, sendo duas especializadas em reconhecimento e duas em ações de comandos, além de uma companhia de comando e serviços. Em meio ao crescimento de suas atribuições, com novas e complexas tarefas, em 20 de dezembro de 1995 o Batalhão passaria a subordinação direta do Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra. Na década seguinte, a partir do ano 2000, outra significativa mudança seria realizada, passando o curso especial de comandos anfíbios, cuja condução, até então, era uma responsabilidade da Unidade, a ser realizado no Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo (CIASC), liberando a Unidade do encargo da formação básica dos Comandos Anfíbios, para que pudesse dedicar-se de forma mais integral ao emprego operacional. Em 2016 seria a vez do Ades-Eq-OpEsp, estágio que habilita cabos e soldados fuzileiros navais a operar como auxiliares dos Comandos Anfíbios, também passar a responsabilidade do CIASC.

  Atualmente, o Batalhão Tonelero possui, em sua organização, três companhias de operações especiais (CiaOpEsp). A 1ª Companhia de Operações Especiais (1ª CiaOpEsp) é dedicada às tarefas de reconhecimento distante e profundo e a 2ª Companhia de Operações Especiais (2ª CiaOpEsp), as tarefas de ação de comandos. As 1ª e 2ª CiaOpEsp do Batalhão fornecem os destacamento de operações especiais que cumprem, respectivamente, as tarefas de reconhecimento e de ação de comandos em apoio aos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav) organizados pela Força de Fuzileiros da Esquadra para o cumprimento de missões de interesse da Marinha do Brasil. Estes destacamentos de operações especiais são organizados para o combate como Equipes de Comandos Anfíbios (ECAnf), Unidades de Comandos Anfíbios (UCAnf), composta de duas ECAnf) e Grupos de Comandos Anfíbios (GruCAnf, compostos por pelo menos uma UCAnf e uma ECAnf). Os destacamentos de operações especiais são capazes de infiltrar-se sigilosamente na área de operações por meio terrestre, aéreo ou aquático, com o apoio de viaturas, navios, submarinos e/ou aeronaves de asa fixa ou rotativa, fazendo uso de paraquedas, embarcações pneumáticas ou equipamento de mergulho. Suas tarefas incluem reconhecimento, estabelecimento de postos de vigilância, postos de retransmissão de comunicações, balizamento de praias de desembarque, zonas de desembarque de helicópteros, zonas de lançamento de paraquedistas, zonas de pouso de aeronaves de asa fixa, condução de fogos de armas de apoio e ataques a instalações e sistemas de armas críticos do inimigo.

A 3ª Companhia de Operações Especiais (3ª CiaOpEsp) do Batalhão Tonelero fornece o GERR-OpEsp para o cumprimento de tarefas de retomada de instalações e resgate de reféns, altamente especializado em combate em ambientes confinados e contra ações de terroristas. O GERR-OpEsp encontra-se permanentemente preparado para intervir em casos de crises com reféns ou em ações de contraterrorismo de interesse da Marinha do Brasil em qualquer ponto do território nacional com o apoio dos meios da própria Força Naval,ou ainda da Força Aérea Brasileira.

Além de apoiar as missões dos GptOpFuzNav organizados pela FFE, os destacamentos de operações especiais do Batalhão Tonelero podem prestar apoio as operações distritais realizando, anualmente, adestramentos nos diversos ambientes operacionais existentes em território nacional, sejam eles em clima frio, semiárido, nas regiões montanhosas, na selva amazônica ou, ainda, no pantanal mato-grossense.

O Batalhão Tonelero possui, ainda, em sua organização, uma Companhia de Apoio às Operações Especiais (CiaApOpEsp), com a tarefa de prestar o apoio especializado de serviços ao combate, seja a bordo, por meio da seção de dobragem e manutenção de paraquedas, da seção de apoio de embarcações, seja nas operações dos GptOpFuzNav. Nestas últimas, a companhia organiza um Destacamento de Apoio as Operações Especiais para atuar junto ao Componente de Apoio de Serviços ao Combate dos GptOpFuzNav, realizando tarefas de apoio especializado, tais como, operar embarcações de desembarque pneumáticas, ressuprir equipes de operações especiais infiltradas, ou ainda, realizar a manutenção de material específico empregado nas operações especiais, tais como paraquedas e equipamentos de mergulho.

Com relação ao gerenciamento de seus recursos materiais e humanos, o Batalhão possui uma Companhia de Comando e Serviços (CiaCmdoSv) e autonomia administrativa por meio da qual planeja e executa os recursos recebidos da FFE.

Em seus 45 anos de existência o Batalhão Tonelero participou das principais missões da Força de Fuzileiros da Esquadra organizando seus destacamentos para cumprir tarefas de reconhecimento ou de ação de comandos, seja nas operações anfíbias, ribeirinhas, de paz, em apoio a populações atingidas por catástrofes naturais ou, ainda, de garantia da lei e da ordem.

 

Nos últimos anos, o Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais foi empregado na segurança dos grandes eventos realizados em território nacional, iniciado na condução dos Jogos Mundiais Militares em 2011, na Copa das Confederações e na Jornada Mundial da Juventude em 2013, na Copa do Mundo FIFA em 2014 e nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. No preparo para essas operações, o Batalhão Tonelero atingiu um nível de excelência na condução de reconhecimento operacional em ambiente urbano e ações cinéticas de contra terrorismo. Nestes eventos o Batalhão, além de prestar apoio de operações especiais aos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais, aportou sua capacidade de contra terrorismo ao Comando Conjunto de Prevenção e Combate ao Terrorismo recebendo a responsabilidade de intervenção em áreas sensíveis e eventos críticos. Nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, por exemplo, foi designado para intervenção, caso necessário, no Palácio Itamaraty, na cidade do Rio de Janeiro, onde houve a concentração de diversos Chefes de Estado e representantes de governos estrangeiros, bem como, no Estádio do Maracanã, onde foram realizadas as cerimônias de abertura e encerramento do grande evento.

 

Para se posicionar entre as principais tropas brasileiras no combate ao terrorismo, Corpo de Fuzileiros Navais, recentemente, proveu a Unidade com armamentos e equipamentos no estado da arte. Em seu preparo para as missões em apoio aos grandes eventos, o Batalhão Tonelero teve a oportunidade de trocar experiências e se adestrar junto com as melhores tropas nacionais e de países amigos, com as quais pode nivelar conhecimentos em diversas áreas. Os ganhos operacionais obtidos, o aporte de equipamentos de alta tecnologia e o constante adestramento contribuíram para manter a Unidade no mais elevado patamar de eficiência no combate não convencional, permitindo entregar a Força de Fuzileiros da Esquadra uma capacidade única de realizar operações especiais no combate moderno.

 

      Orgulhosos do passado de lutas e vitórias, escrito pelos fuzileiros navais que os precederam, e inspirados por sua dedicação e amor à Marinha do Brasil, os atuais integrantes do Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais empenham-se para dar continuidade ao trabalho iniciado há 45 anos, enquanto lidam com os desafios do presente e empenham-se para que a Unidade se mantenha entre as melhores tropas de operações especiais do Brasil. 

Audazes Unidos Intrépidos!