Treinamentos
de Intercâmbio Conjunto Combinado - JCET
Os Treinamentos de Intercâmbio Conjunto
Combinado (JCET, em inglês) são exercícios projetados para fornecer
oportunidades de treinamento aos operadores especiais dos Estados Unidos e de
nações parceiras. Os JCET são sempre realizados em países com os quais as
Forças Especiais dos EUA poderão ter que atuar algum dia, bem como para ampliar
a gama de treinamento das forças armadas das nações anfitriãs. Normalmente,
cada programa JCET inclui de 10 a 40 membros das forças especiais americanas,
embora possa eventualmente contar com até 100.
O JCET foi realizado em instalações militares da Marinha do Brasil no Rio de Janeiro e teve um fator incomum para este tipo de exercício: reuniu ao mesmo tempo membros do Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC), do Batalhão de Operações Especiais dos Fuzileiros Navais (Tonelero) e das Equipes de Operação em Terra, Ar e Mar da Marinha dos EUA, popularmente chamados de Navy SEALs. Participaram também membros dos Tripulantes de Equipes Especiais Combatentes de Guerra Naval, que operam e mantêm um inventário de pequenas embarcações utilizadas para conduzir missões de operações especiais, particularmente dos Navy SEALs. “Talvez esta seja a primeira vez que esse treinamento é realizado com pessoal dessas quatro unidades de operações especiais juntas. Em edições anteriores desse intercâmbio, equipes SEAL realizaram treinamentos, isoladamente, com o GRUMEC ou com o Tonelero”, disse à Diálogo o 1º Tenente Auxiliar do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) Armindo Melo Peixoto, integrante do Batalhão Tonelero e participante do JCET deste ano.
Oportunidade
de interagir e aprender
“Treinamentos dessa natureza
são uma excelente oportunidade para nossas marinhas estreitarem os laços de
amizade e cooperação há muito estabelecidos. A interação e o intercâmbio de
conhecimentos e experiências possibilitam o aprimoramento das capacidades de
nossos operadores. Com isso, ampliamos a interoperabilidade e aumentamos as
chances de sucesso em futuras operações e exercícios nos quais Brasil e EUA
venham a integrar forças em busca de objetivos comuns”, afirmou o Capitão de
Mar e Guerra do CFN do Brasil Stewart da Paixão Gomes, Comandante do Batalhão
Tonelero, onde grande parte do JCET deste ano foi realizada.
Treinamento
especializado
O treinamento permite às unidades participantes refinar suas habilidades nas áreas de tiro com fuzis de curto e médio alcance e inclui a instrução e o treinamento em técnicas de sniper a média e longa distâncias, para assegurar eficiência máxima com risco mínimo. O JCET inclui ainda treinamentos em técnicas de tiro estático e dinâmico com pistola e fuzil a curta distância, técnicas de operação de embarcações de combate (modelo Hurricane), entrada e saída de arrebentação com embarcações pneumáticas, técnicas de combate em área urbana e em ambiente confinado, técnicas de ação imediata, tiro de cobertura a partir de helicópteros e salto livre operacional.
Os operadores especiais realizam treinamento de pontaria durante o dia e em condições de visibilidade próxima a zero à noite, durante simulações complexas de possíveis ações da vida real, permitindo que estes militares ampliem suas perspectivas na hora de tomar uma decisão, além de aumentar sua confiança em situações de alto estresse. “O treinamento inclui a integração de melhores práticas e treinamento e consultoria em nível tático e operacional, intercâmbio de táticas, técnicas e procedimentos de planejamento para incluir as lições aprendidas”, disse um sargento operador especial da equipe de Navy SEALs que participou do JCET no Brasil, mas que prefere manter o anonimato por questões de segurança.
Fortalecer
relacionamentos estabelecidos
“Intercâmbios como o JCET são
sempre muito bem recebidos pela Marinha do Brasil. Desde os primeiros contatos
efetuados entre os representantes do Comando de Operações Especiais, Sul dos
EUA (SOCSOUTH, em inglês) conosco [Batalhão Tonelero] e com o GRUMEC, o Comando
de Operações Navais empenhou meios da Esquadra e da Força de Fuzileiros da
Esquadra no apoio ao treinamento. Foram planejadas cinco semanas de trabalhos
intensos ininterruptos – dias, noites, finais de semana e feriados. O
comprometimento de todas as partes foi total e os objetivos de treinamento
planejados foram alcançados”, comentou o CMG (FN) Stewart.
Esse treinamento faz parte de
uma série de engajamentos planejados ao longo do ano passado, o que dá
oportunidades às unidades de elite dos EUA e do Brasil de trabalharem juntas,
de aprenderem umas com as outras e de fortalecerem os relacionamentos
previamente estabelecidos. “O JCET demonstra a forte parceria entre os EUA e o
Brasil, com base no respeito mútuo e nos interesses compartilhados na região. O
intercâmbio de treinamento, realizado por operadores especiais dos EUA e
brasileiros, dá aos participantes uma oportunidade de construir parcerias
fortes e duradouras”, disse o Major do Exército dos EUA Cesar Santiago, que
viajou ao Brasil representando o SOCSOUTH, onde exerce a função de chefe do
Departamento de Relações Públicas.
O Corpo de Fuzileiros Navais do
Brasil mantém um intenso programa de intercâmbio com o Corpo de Fuzileiros
Navais dos EUA, com a realização de reuniões bilaterais periódicas para alinhar
objetivos e planejar programas que permitam atingir propósitos comuns. “No
futuro, espero que também as Operações Especiais da Marinha do Brasil tenham
uma maior interação com as unidades do USSOCOM [Comando de Operações Especiais
dos EUA] e que possamos estabelecer projetos de médio e longo prazo que
viabilizem o aprimoramento mútuo de nosso pessoal. Na minha opinião, esse é o
caminho que ampliará a integração de nossas forças armadas e aumentará a
capacidade de resposta às ameaças regionais, garantindo a segurança de nossas
nações”, concluiu o CMG Stewart.
FONTE: Diálogo Américas https://dialogo-americas.com/